“Não queremos reparações, mas condições de vida”

Jean-Louis Etienne é o representante da organização Haiti Survie (Sobrevivência Haiti) na Escola de Sustentabilidade da Amigos da Terra América Latina e Caribe, que estará se realizando até o dia 22/10 no Centro de Formação Sepé Tiaraju, do MST, em Viamão. No evento, organizado pela Amigos da Terra Brasil, ele traz aos debates a perspectiva de um dos países mais pobres do mundo, sob ocupação militar de forças da ONU (lideradas pelo Brasil) desde 2004, e ainda sofrendo os efeitos devastadores do terremoto ocorrido em janeiro deste ano. O Haiti, um país insular, é altamente afetado pela mudança climática, não apenas pelo crescimento do nível do mar que ameaça as zonas costeiras, mas também por fenômenos como ciclones, cada vez mais comuns na zona do Caribe.

“O aquecimento global é o resultado histórico de emissões de gases produzidas principalmente pelos países do Norte global”, comenta, “mas quem morre hoje são principalmente aqueles que não são responsáveis por ele”. Nas negociações da ONU, ele continua, se fala de “reparações” pagas pelos maiores emissores aos países mais afetados; isso, contudo, não faz nada para conter o câmbio climático. em nosso ambiente, como sempre vivemos antes”, ele destaca.

Um exemplo de como a lógica de “compensar” os danos causados nada faz para atacar as causas estruturais destes anos vem de um recente projeto de exploração petroleira no norte do Haiti. Além de resultar em mais combustíveis fosseis, e portanto mais emissão, a área que seria explorada inclui uma falha geográfica. Através de uma campanha de conscientização e sensibilização, a Haiti Survie conseguiu mobilizar a população local contra o projeto – entre outras coisas porque a perfuração nessa área poderia levar a novos tremores de terra, resultando, inclusive em um tsunami. Ao invés disso, os camponeses da região hoje obtém sua renda do plantio de árvores nativas que protegem o solo, reflorestam a região e oferecem uma alternativa energética sustentável para a população local.

Para ele, fica claro que ofertas de reparações e os mecanismos de mercado pelo qual a emissão de gases em um lugar poderiam ser “compensadas” pelo investimento em outros (offset de carbono) equivalem a verdadeiras “licenças para poluir” que precisam ser rechaçadas.

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Uma resposta para ““Não queremos reparações, mas condições de vida”

  • Antonio Germano Gomes Pinto

    A ÚNICA SAÍDA PARA O EFEITO ESTUFA

    As fossas abissais oceânicas, os bolsões vazios provenientes da retirada do petróleo, as falhas geológicas, as áreas desérticas, as crateras geradas pela mineração, são depósitos naturais e ideais para o armazenamento do carbono que está “sobrando” na atmosfera e causando o Efeito Estufa. Utilizando-se esses locais, poderíamos reconstruir o Período Carbonífero quando o Planeta teve sua atmosfera mais limpa de toda sua história.
    Durante séculos, acreditávamos serem os oceanos as lixeiras inesgotáveis e naturais do mundo, crença essa, até certo ponto, razoável, pois através das chuvas, os sais, nutrientes naturais do solo, os compostos de carbono e muitos outros resíduos vão se acumulando nos mares e oceanos, tornando-os cada vez mais saturados e suas águas cada vez mais salinas.
    Mas a realidade é bem outra, os mares e oceanos são tão ou mais vulneráveis a poluição que a crosta terrestre. Suas águas precisão de luz, transparência e estarem desintoxicadas para gerarem a flora e a fauna marinhas tão necessárias à vida na terra, nos mares e nos oceanos.
    As águas, mesmo as salgadas, têm a capacidade de dissolver e incorporar em suas massas gases como oxigênio, o gás carbônico e outros. Essa capacidade aumenta com a pressão e as baixas temperaturas. Quanto maior for a pressão e menor a temperatura, maiores serão as concentrações de dissolução daqueles gases.
    Nas regiões profundas dos mares e oceanos, possivelmente devido a esses fenômenos, as quantidades de carbono “estocadas” chegaram a quantidades imensuráveis, a ponto de despertar o interesse das empresas petrolíferas na exploração destas “jazidas” de carbono. É interessante se notar o fato de que os depósitos, no caso do gás carbônico, não são mais deste tipo de gás, mas sim do metano cristalizado a que os especialistas deram um nome bastante sugestivo, chamando-o de hidratos de carbono. “O gelo que queima.” Esta seria a primeira descrição da “combinação” cristalizada entre moléculas de metano e moléculas de água, encontrada em regiões profundas dos oceanos. Os hidratos de metano já são considerados, pelos pesquisadores, a principal fonte de energia para o século XXI. Entretanto, a exploração desta fonte de energia pode provocar o maior desastre ecológico de todos os tempos devido à liberação do gás metano pela rápida desidratação do mesmo. As chamadas regiões abissais oceânica detêm cinqüenta e cinco por cento de todo o carbono presente no Planeta Terra. Diante destas considerações, apontamos as únicas saídas para erradicarmos o problema do efeito estufa:
    a) Se as regiões abissais oceânicas são os depósitos naturais do carbono, podemos aproveitar esses espaços gigantescos e ainda disponíveis para “aprisionarmos” o gás carbônico, o principal causador do efeito estufa, de forma indireta.
    b) Usaremos, para esse fim, a energia solar, a fotossíntese e a água para cultivarmos gigantescas florestas, biomassa abundante que seria enfardada em containers de concreto armado, de plástico ou qualquer outro material resistente à corrosão e, com o auxilio de grandes embarcações, seriam transportados para aqueles locais e submersos por ação da gravidade.
    c) A grande vantagem de se utilizar biomassa para capturar o gás carbônico é o fato de que só será capturado o carbono, deixando-se livre o oxigênio.
    d) Com a biomassa, será capturada também a água de combustão que é liberada para atmosfera no momento da combustão e vem contribuindo para aumentar o nível dos mares e oceanos, além de saturar a atmosfera com excesso de vapor de água, provocando chuvas e tempestades desastrosas a população e ao meio ambiente. No mínimo trinta por cento de todo o combustível utilizado se transforma em água.
    e) Para cada 12 (doze) toneladas de carbono capturadas, via biomassa, serão liberadas 32 (trinta e duas) toneladas de oxigênio para atmosfera, e, muito importante, 44 (quarenta e quatro) toneladas de gás carbônico, principal gás causador do efeito estufa, deixariam de existir na atmosfera que respiramos. Assim, apenas com a captura de 12 (doze) toneladas de carbono (biomassa), seriam movimentadas 76 (setenta e seis) toneladas de gases: 32 (trinta e duas) toneladas de oxigênio seriam liberadas, 44 de gás carbônico deixariam de existir.
    f) Serão, de certa forma, verdadeiros depósitos geológicos, tratam-se de fossas geológicas que se vierem a sofrer abalos sísmicos ou acomodação de camadas, iriam soterrar esses containers, tornando-os ainda mais seguros com relação ao meio ambiente.
    g) Em grandes profundidades abissais não há desenvolvimento de vida, semelhante a da superfície terrestre, capaz de gerar reações aeróbias ou anaeróbias, não havendo degradação desta biomassa, não haverá geração de gases e a atmosfera estaria livre da massa de gases, correspondente aquela biomassa submersa.
    h) Se a cada “colheita” da biomassa se plantasse outra, gradualmente, o gás carbônico estaria sendo capturado e, indiretamente, depositado nestes depósitos geológicos sob a forma de carbono biomassa) com uma conseqüente limpeza gradativa da atmosfera.
    j) Se a captura direta do gás carbônico se torna inviável devido as suas condição de gás, capaz de ocupar grandes volumes, desenvolver grandes pressões, além de outros riscos óbvios que não enumeraremos, vamos aprisionar o carbono, “matéria prima” geradora do referido gás, cujo excesso na atmosfera se tornou “um inimigo implacável”, o principal gerador do Efeito Estufa que mais cedo ou mais tarde irá eliminar a vida animal da face da terra se não for contido.
    k) Os combustíveis fósseis poderiam continuar sendo explorados e utilizados porque estaria havendo uma reciclagem, uma correta destinação do efluente gasoso gerado na exploração deste tipo de energia, por via indireta, sendo devolvido ao seu local de origem, às profundezas da crosta terrestre.
    l) Usando-se o mesmo raciocínio, a mesma lógica, a biomassa poderia ser armazenada, aproveitando-se os espaços disponíveis deixados pela exploração do petróleo. A retirada do petróleo deixa grandes vazios que são preenchidos com água. Por que não ocupar esses espaços com biomassa?
    m) A mineração cria gigantescas crateras que, muitas vezes, são simplesmente abandonadas sem passarem por qualquer processo de remediação. Por não aproveitá-las?
    n) As falhas geológicas, gigantescos espaços, muitas vezes continentais, poderiam ser utilizadas como depósitos de biomassa. Por que não fazê-lo?
    o) De forma idêntica, poderiam ser armazenadas grandes quantidades de biomassa nas regiões desertas, sob suas areias escaldantes, locais desprovidos de água. Onde não há água não há vida, onde não há vida não há decomposição de matéria orgânica, não havendo decomposição de matéria orgânica não há formação de gases do efeito estufa.
    A mãe natureza, via carbono, forneceu tanta riqueza ao homem durante o século passado. Por que não devolver-lhe, durante este século, parte dessa riqueza, retornando parte desse carbono ao seu local de origem, de onde nunca deveria ter sido retirado, às profundezas da crosta terrestre, recompondo assim o Período Carbonífero?
    Dessa forma se fecharia um círculo, origem, exploração e destinação adequada do efluente produzido pela industrialização do petróleo.
    Dando um destino adequado ao lixo ou efluente industrial, ou mais precisamente ao carbono, matéria prima do gás carbônico, o meio ambiente agradeceria, o mundo continuaria respirando, voltava-se ao equilíbrio ambiental e os petrodólares poderiam continuar movimentando a economia mundial sem representar um risco iminente à vida.
    Todo empresário da área industrial é obrigado por lei a tratar e destinar os seus efluentes. Por que a indústria petrolífera estaria dispensada dessa obrigação?

    Antonio Germano Gomes Pinto

    Engenheiro Químico, Químico Industrial, Bacharel em Química com Atribuições Tecnológicas, Licenciado em Química, Especialista em Recursos Naturais com ênfase em Geologia, Geoquímico, Especialista em Gestão e Tecnologia Ambiental, Perito Ambiental, Auditor Ambiental e autor de duas patentes registradas no INPI, no Merco Sul, na UE, na World Intellectual Property Organization e em grande número de países.

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