Informações desde San Cristóbal de las Casas (Chiapas). A Escuela de la Sustentabilidade de 2014 foi realizada no povoado fundado em 1524 (!), cerca de uma hora e meia da capital de Chiapas, Tuxtla Gutiérrez.
Antes do fim da Escuela foi realizada uma feira em que os diferentes grupos dos Amigos da Terra América Latina e Caribe apresentaram um pouco do seu trabalho para outros membros da federação, além dos campesinos e membros de outros movimentos locais. A participação de muitas pessoas ligadas ou conhecedoras das iniciativas autonomistas das comunidades zapatistas possibilitou troca de experiências interessantes.
No dia seis de maio, membros da Frente Popular de Ixtapa Ricardo Flores Magón fizeram um pedido de solidariedade aos presentes na Escuela em relação à situação do indígena campesino Florentino Gómez Girón, o qual, de acordo com a organização, fora detido poucos dias antes por policiais à paisana e levado à prisão sem o cumprimento das exigências legais e constitucionais. Para Frente Popular, a prisão de Florentino deveu-se à atuação dele na defesa da terra e de territórios em seu município, além de atuar contra a imposição de megaprojetos mineiros e de represas no estado de Chiapas. No mesmo período, houve uma agressão armada a uma das comunidades zapatistas da região por integrantes dos grupos campesinos CIOAC-Histórica, PVEM e PAN.
O ponto central das discussões da Escuela concentrou-se na necessidade de serem estabelecidos espaços a nível local e regional para aprofundar o entendimento de conceitos fundamentais à incidência política. Dentre esses conceitos citaram-se capitalismo, estado, desenvolvimento e, inclusive, política.
A proposta da Escuela foi permeada por uma postura sustentada pelos três “A’s”: autonomia, autogestão e autodeterminação. Nesse sentido, as discussões não visaram uma resposta conclusiva às questões que surgiram, mas, ao contrário, à vivência da experiência coletiva em um processo com muito mais incertezas do que respostas. Como exemplo dessa proposta, todas as dinâmicas da Escuela foram baseadas em uma primeira atividade realizada: ao invés da produção de utopias, todos os participantes foram convidados a exporem suas distopias. Uma vez não sendo o objetivo da Escuela prescrever onde chegar-se, mas sim a invenção de caminhos diferentes até outros lugares possíveis, todos os participantes puderam elencar suas distopias, ou seja, tudo aquilo considerado como devendo estar fora das novas realidades a serem produzidas. Com base nessas distopias é que se deram todas as outras demais dinâmicas e reflexões.
(estande dos Amigos da Terra Brasil)
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